Os nossos charlatães financeiros
não sabem senão estes dois métodos de governo:
- Empréstimos e impostos.
Por
outro lado, o governo mandou para as cortes uma carregação de propostas
tendentes todas a aumentar de tributos; por outro lado, o governo vai negociar
um empréstimo no estrangeiro.
É dinheiro emprestado e dinheiro espoliado.
Pede-se
primeiro aos agiotas para pagar às camarilhas; depois tira-se ao povo para
pagar aos agiotas!
E
ao passo que se trata de um empréstimo em Londres, negoceia-se outro empréstimo
com bancos nacionais.
Este
tem carácter de dívida flutuante (1) interna e é para pagamento de dívida
consolidada (2) externa!
Este
empréstimo que nos está às costas para pagamento no fim de três meses sai á razão
de 13/2 %!
E
no fim não é dinheiro aplicado a nenhum melhoramento público; é só dinheiro
para pagar juros da dívida!
É
a dívida a endividar-nos cada vez mais! É a dívida a crescer para pagar as
sinecuras do estado! É a dívida a multiplicar-se para não faltarem à corte
banquetes, festas, caçadas, folias!
Esta
situação é terrível e tanto mais que ela exige para se não agravar, de
sacrifícios com que o país não pode e que de mais não deve fazer, quando eles
são apenas destinados às extravagâncias da corte e ao devorismo do poder, no
qual se inscreve agora o novo subsídio aos pais da pátria!
Em A Lanterna, 17 de Dezembro de 1870. em Maria Luíza Guerra, ob. cit.
(1) Dívida pública a curto prazo.
(2) Dívida pública sem prazo de reembolso
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