Pessoa colectiva de utilidade pública (Declaração n.º 104/2002, DR
- II Série, n.º 91 de 18 de Abril) • Membro honorário da Ordem
da Liberdade
Abril não desarma
Há 38
anos, os Militares de Abril pegaram em armas para libertar o Povo da ditadura e
da opressão
e criar condições para a superação da crise que então se vivia.
Fizeram-no
na convicta certeza de que assumiam o papel que os Portugueses esperavam de si.
Cumpridos
os compromissos assumidos e finda a sua intervenção directa nos assuntos políticos
da nação, a esmagadora maioria integrou-se na Associação 25 de Abril, dela fazendo
depositária primeira do seu espírito libertador.
Hoje, não
abdicando da nossa condição de cidadãos livres, conscientes das obrigações patrióticas
que a nossa condição de Militares de Abril nos impõe, sentimos o dever de tomar
uma posição cívica e política no quadro da Constituição da República
Portuguesa, face à actual crise nacional.
A nossa
ética e a moral que muito prezamos, assim no-lo impõem!
Fazemo-lo
como cidadãos de corpo inteiro, integrados na associação cívica e cultural que fundámos
e que, felizmente, seguiu o seu caminho de integração plena na sociedade portuguesa.
Porque consideramos que:
· O contrato social estabelecido na
Constituição da República Portuguesa foi rompido pelo poder. As medidas e
sacrifícios impostos aos cidadãos portugueses ultrapassaram os limites do
suportável. Condições inaceitáveis de segurança e bem estar social atingem a
dignidade da pessoa humana.
· O rumo político seguido protege os
privilégios, agrava a pobreza e a exclusão social, desvaloriza o trabalho.
· Sem uma justiça capaz, com dirigentes
políticos para quem a ética é palavra vã, Portugal é já o país da União
Europeia com maiores desigualdades sociais.
· Portugal não tem sido respeitado entre
iguais, na construção institucional comum, a União Europeia.
· Portugal é tratado com arrogância por
poderes externos, o que os nossos governantes aceitam sem protesto e com a
auto-satisfação dos subservientes.
· O nosso estatuto real é hoje o de um
“protectorado”, com dirigentes sem capacidade autónoma de decisão nos nossos
destinos.
Porque
consideramos que: Entendemos ser
oportuno tomar uma posição clara contra a iniquidade, o medo e o conformismo que se
estão a instalar na nossa sociedade e proclamar bem alto, perante os Portugueses, que:
- A linha política
seguida pelo actual poder político deixou de reflectir o regime democrático herdeiro
do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa;
- O poder político
que actualmente governa Portugal, configura um outro ciclo político que está
contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores;
Em conformidade, a
A25A anuncia que:
- Não participará nos
actos oficiais nacionais evocativos do 38.º aniversário do 25 de Abril;
- Participará nas
Comemorações Populares e outros actos locais de celebração do 25 de Abril;
- Continuará a evocar
e a comemorar o 25 de Abril numa perspectiva de festa pela acção libertadora e
numa perspectiva de luta pela realização dos seus ideais, tendo em consideração a
autonomia de decisão e escolha dos cidadãos, nas suas múltiplas expressões.
Porque continuamos a
acreditar na democracia, porque continuamos a considerar que os problemas da
democracia se resolvem com mais democracia, esclarecemos que a nossa atitude
não visa as Instituições de soberania democráticas, não pretendendo
confundi-las com os que são seus titulares e exercem o poder.
Também por isso, a
Associação 25 de Abril e, especificamente, os Militares de Abril, proclamam
que, hoje como ontem, não pretendem assumir qualquer protagonismo político, que
só cabe ao Povo português na sua diversidade e múltiplas formas de expressão. Nesse
mesmo sentido, declaramos ter plena consciência da importância da instituição militar,
como recurso derradeiro nas encruzilhadas decisivas da História do nosso Portugal.
Por isso, declaramos
a nossa confiança em que a mesma saberá manter-se firme, em defesa do seu País
e do seu Povo. Por isso, aqui manifestamos também o nosso respeito pela
instituição militar e o nosso empenhamento pela sua dignificação e prestígio
público da sua missão patriótica.
Neste momento difícil
para Portugal, queremos, pois:
1. Reafirmar a nossa
convicção quanto à vitória futura, mesmo que sofrida, dos valores de Abril no
quadro de uma alternativa política, económica, social e cultural que
corresponda aos anseios profundos do Povo português e à consolidação e
perenidade da Pátria portuguesa.
2. Apelar ao Povo
português e a todas as suas expressões organizadas para que se mobilizem e
ajam, em unidade patriótica, para salvar Portugal, a liberdade, a democracia.
Viva Portugal!
Lisboa, 23 de Abril de 2012
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